Endesa ganha 292 milhões até março, menos 51%, devido à caída dos preços

Madrid, 8 mai (EFECOM).- A Endesa registou um resultado líquido de 292 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, 50,8% inferior ao do mesmo período do ano passado, devido a uma descida de 53% nos preços da eletricidade em relação ao primeiro trimestre do ano passado e a uma fraca procura.

Segundo informou a empresa à Comissão Nacional do Mercado de Valores de Espanha (CNMV) esta quarta-feira, o resultado líquido ordinário, que serve de base para a distribuição de dividendos, também se situou neste valor (292 milhões de euros) e sofreu uma redução da mesma percentagem face ao ano anterior.

A Endesa apresentou um resultado bruto de exploração (ebitda) até março de 1.079 milhões de euros, menos 26,2% do que no primeiro trimestre de 2023, e as suas receitas caíram 26,1%, até aos 5.547 milhões de euros.

A empresa, que opera em Espanha e Portugal e que atribui a descida do lucro líquido aos menores preços da eletricidade, indicou que o preço médio no mercado elétrico foi, no trimestre, de 45 euros por megawatt/hora (MWh), menos 53%, e que se registaram em abril, já fora do primeiro trimestre, preços negativos pela primeira vez na história.

No entanto, indicou que os futuros e os modelos da Endesa apontam a um preço médio de 60 euros/MWh a médio e longo prazo.

Relativamente à descida de 26,2% do ebitda, recordou que no ano passado atingiu no primeiro trimestre o seu recorde histórico e, quanto ao lucro líquido ordinário -que é 51% inferior-, além de refletir a diminuição do ebitda, sofre também o impacto do imposto extraordinário de 1,2% sobre as vendas, que não é dedutível.

A empresa pagou no primeiro trimestre deste ano 202 milhões de euros com o imposto temporário aplicado às vendas das companhias energéticas, inicialmente aprovado por dois anos, menos 2,9% face ao mesmo período de 2023.

Fase final para a venda de 49% da carteira solar

A Endesa confirmou ainda que se encontra na fase final da venda de 49% da sua carteira de energia solar em funcionamento, da qual irá manter o controlo.

Relativamente aos investimentos, a companhia assinalou que está a implementar "uma aproximação mais selectiva na sua política de investimento" e que, no trimestre, 45% foi dedicado a redes e 26% a renováveis.

O investimento bruto foi de 433 milhões de euros, mais 5,6% que no primeiro trimestre de 2023.

As vendas líquidas de eletricidade da Endesa desceram -2,4% (6,1% no mercado regulado e 1,9% no livre) e o número de clientes de eletricidade diminuiu 0,4%, até aos 10,48 milhões, apesar do incremento de 0,7% no mercado livre.

Por sua parte, as vendas de gás caíram 26,4% e os clientes de gás aumentaram 1,1% quanto ao primeiro trimestre de 2023, com um crescimento de 19% no mercado regulado e uma descida de 3,8% no livre.

A Endesa encerrou o primeiro trimestre de 2024 com 19.988 pontos de carregamento de veículos elétricos públicos e privados, aproximando-se dos 20.000 após ter aumentado 30,2% relativamente ao mesmo período de 2023.

A capacidade instalada da Endesa diminuiu 3,2% quanto ao primeiro trimestre de 2023, embora a renovável tenha crescido 7,6%, e a sua produção caiu 0,4%, com uma subida de 27,3% da renovável.

A Endesa explicou que vendeu de antemão 95% da sua produção própria de 2024, 86% da de 2025 e 53% da de 2026.

Além disso, informou que a estratégia de venda antecipada do gás acordado com os fornecedores lhe proporciona uma posição de conforto não só face aos objetivos de 2024, mas também para os anos seguintes.

A Endesa fechou o trimestre com um fluxo de caixa operacional de 167 milhões de euros, em comparação com o negativo de 97 milhões registado no ano anterior, e isto apesar do pagamento da sentença arbitral com o Catar no valor de cerca de 530 milhões, sem a qual teria sido de 700 milhões de euros.

A dívida financeira líquida subiu até aos 11.328 milhões, mais 8,9% relativamente ao fecho de 2023, devido aos investimentos e ao pagamento de dividendos intercalares; enquanto que a dívida bruta se manteve estável nos 13.800 milhões, com o rácio de dívida líquida sobre o ebitda em 2,8 vezes face ao 2,4 de 2023.

O diretor-executivo da Endesa, José Bogas, indicou que é necessária uma remuneração para o negócio da distribuição elétrica que permita incentivar os investimentos, dado que "a transição energética não será possível sem redes bem dimensionadas e resilientes". EFECOM

Imagen del pasado abril del consejero delegado de Endesa, José Damián Bogas (i), y del presidente, Juan Sánchez-Calero, durante la junta general de accionistas de la compañía en Madrid. EFE/ Fernando Villar (USO para para publicacion no usar)